A Justiça Federal do Espírito Santo (JFES), por meio de sua Galeria Virtual, promoveu na tarde de 31/5 a quarta ação do projeto “22 é dia de arte”, em alusão aos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.

Foi a abertura da exposição virtual e presencial: “O Espírito do Olhar”, com o artista plástico Gilbert Chaudanne, francês radicado no Estado, conhecido por suas Madonas e livros artesanais.

O evento foi realizado pela plataforma de videoconferência Zoom e contou com a participação de magistrados, servidores e personalidades do meio cultural e jurídico capixaba.

‘Integração da arte’

A servidora Gina Valéria Coelho, responsável pela Galeria, agradeceu a presença de todos, especialmente ao “grande e querido artista Chaudanne, por nos prestigiar com sua arte, sua genialidade, sua sagrada humanidade”.

Gina, em seguida, passou a palavra para a advogada e galerista Ana Coeli Piovesan, parceira da Justiça Federal no projeto “22 é dia de arte”.

“Esta exposição tem duas características muito especiais, que vêm ao encontro do desejo dos modernistas, de integração da arte”, iniciou a galerista.

Ela se referia à colaboração do poeta e dramaturgo Wilson Coelho, que junto a colecionadores montou a exposição. E também a Chaudanne, cuja produção é essencialmente modernista. “Nada dele é acadêmico”, afirmou.

Wilson Coelho agradeceu a oportunidade expor a obra do artista, parceiro em diversos trabalhos de literatura e teatro.

O intelectual também falou sobre o nome da exposição – “O Espírito do Olhar”.

“Chaudanne fala muito do ‘espírito do lugar’. Mas esse lugar só tem vida a partir do olhar. E é o seu olhar que eu acho interessante, o olhar que tem para o Brasil, para o Espírito Santo, para Vitória”, explicou.

Cores, sofrimento, corpo e inspiração

Gilbert Chaudanne, presente à abertura de sua exposição, discorreu sobre a criação artística.

Mestre em geologia, destacou que sua formação é científica, não artística, mas que pinta desde os 13 anos. E ressaltou a influência do Brasil na sua arte.

“Morei em Berlim, desenhei muito em Berlim, com nanquim, e, quando cheguei ao Brasil em 72, fiquei muito exaltado por suas cores. E minha paleta, que era cinza ou preta, aqui se tornou colorida”.

“Também o povo brasileiro me atraiu muito. Essa ‘fala’ do corpo. O brasileiro fala muito com o corpo. E aí eu fui querendo ficar para pintar os aspectos do Brasil”, revelou.

Citou também o sofrimento do sertão nordestino, onde viveu e cujas mazelas de alguma forma se refletem nas suas pinturas.

Chaudanne refletiu ainda sobre a espontaneidade na arte. “Até onde vai a teoria e onde começa a experimentação? Precisa da teoria ou não? No meu caso, acredito na inspiração”.

Obras

O público presente ao evento, por videoconferência, teve, em seguida, a oportunidade de apreciar as obras expostas na Galeria Virtual, guiados pelas observações de seu próprio criador.

As 25 obras – arte sacra e natureza morta, em acrílico sobre tela – ficarão expostas permanentemente na Galeria Virtual. Também estarão disponíveis para visitas presenciais, até o dia 20/06, na sede da Justiça Federal, em Vitória (Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 1877, Monte Belo, Vitória/ES).

Projeto

O projeto 22 é dia de arte foi lançado pela Galeria Virtual da JFES em fevereiro deste ano.

A programação foi aberta com um texto de Ana Coeli sobre o escritor Graça Aranha, um dos organizadores da Semana de 22, que foi juiz de Direito no interior do Espírito Santo.

A Galeria Virtual também publicou a conferência proferida por Graça Aranha na abertura da Semana: “A emoção estética na arte moderna”.

Em março e abril foram realizados, respectivamente, duas palestras on-line: A Semana de 22 e seus desdobramentos, com a Professora Doutora Renata Renata Cardoso, do Departamento de Teoria da Arte e Música (DTAM) e do Programa de Pós-graduação em Artes (PPGA) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e A invisibilidade de artistas negros e negras na Semana de Arte Moderna, com a Professora Maria José Corrêa, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).